A Vista Perfeita

quinta-feira, 14 de agosto de 2014

Santos vai muito além das praias




Não pense exatamente em praia quando ouvir falar de Santos (SP). Seria banal demais. Não é um lugar para ser visto pela ótica apenas de litoral, cuja qualidade das águas do mar segue classificada como imprópria por órgãos oficiais. Mas você nem vai se lembrar desse detalhe quando estiver por lá, pois encontrará uma cidade interessante e perfeita para um final de semana especial. Mesmo hoje, a maioria dos paulistanos ainda desconhece que o balneário praiano mais próximo da capital, a 80 km ou a uma hora de carro se não for véspera de feriadão, oferece muito mais do que um banho de mar.


Cultura:

Graças à riqueza trazida pelo café no início do século 20, a cidade é cheia de história para contar nas fachadas dos casarões centenários do centro antigo, por onde circula um bondinho de madeira de 1911 a levar os visitantes por um passeio que mistura presente e passado. Há uma belíssima orla para ser degustada, emoldurada por um jardim de 6 km de extensão, com monumentos, fontes e praças, além de mirantes para contemplar a cidade do alto – sem contar os museus, o aquário com tubarões e tartarugas, os passeios de escuna, os bares de bom chope e restaurantes de peixes e frutos do mar que não fazem feio frente aos melhores do ramo da cidade de São Paulo. A essência turística de Santos fica dividida entre dois pólos: a orla de um lado e o centro histórico do outro. Basta, portanto, reservar um dia para conhecer cada um deles e você terá visto o principal.


Gastronomia: 

Para provar o prato meca à santista (uma posta de meca grelhada, acompanhada de camarão, risoto de pupunha e farofa de banana), cartão de visitas gastronômico da cidade, ou qualquer outro prato à base de peixe e frutos do mar, vá ao J. Garcia (Avenida Almirante Saldanha da Gama, 77, Ponta da Praia) que traz cardápio refinado, incluindo um delicioso bacalhau à lagareiro, preparado ao forno, com cebola, alho e pimentão (cerca de R$ 85 os pratos para duas pessoas), ou então ao Mar del Plata (Avenida Almirante Saldanha da Gama, 137, Ponta da Praia), restaurante tradicional da cidade, com preços semelhantes. Entre as churrascarias, o Puerto de Palos (Rua Luís de Farias, 64, Gonzaga) vale destaque, pois importa as carnes da Argentina e serve os cortes típicos de lá: bife de chorizo, asado de tira... Paga-se pelo prato, em média, R$ 55 por pessoa. Grelhados divinos, acompanhados por uma cebola no molho bem famosa entre os próprios santistas, também são servidos no Ao Chopp do Gonzaga (Avenida Ana Costa, 512, Gonzaga). Há pratos executivos, com uma porção generosa de carne, arroz, fritas ou salada, a tal cebola no molho e farofa, por R$ 35. O Ao Mirante, no alto do Morro do Voturuá, vale pela vista maravilhosa que se tem do terraço do restaurante – a especialidade é a moqueca de badejo (R$ 68). A localização também é o ponto forte do Píer I, que está instalado num deque sobre as águas do canal, na Ponta da Praia, onde os grandes navios cargueiros passam bem próximos, em direção ao porto. Aos domingos tem chorinho ao vivo durante a tarde.


Roteiro: 

Orla e mirante
Mais do que a praia em si, é a orla o grande barato da beira-mar de Santos. Os sete quilômetros da costa santista, desde o limite com São Vicente até o canal do porto, são abraçados por um imenso jardim, com árvores, gramados, fontes, vários monumentos e uma ciclovia. As atrações estão espalhadas de uma ponta a outra.
No Canal 1, na Praia de José Menino, está o teleférico que leva ao alto do Morro do Voturuá. Oficialmente, o morro pertence a São Vicente, mas a vista lá de cima é toda de Santos. Das mesas do Restaurante Mirante, especializado em moqueca de badejo, ou ao lado da rampa de parepente que há lá em cima, tem-se a mais espetacular vista da orla.
Quem é corajoso pode fazer um salto duplo de parapente para experimentar a sensação de flutuar nas alturas, como as gaivotas, tendo o litoral santista aos pés. O salto duplo custa R$120 e dura cerca de 20 minutos. Também é possível ir até o Morro do Voturuá de carro. Basta seguir as placas “voo livre” na avenida da praia que o levarão por uma estradinha sinuosa até o topo do morro, em cerca de dez minutos.
Na Praia do Gonzaga, entre os Canais 2 e 3, um dos trechos mais bem frequentados da orla, há uma boa concentração de restaurantes de qualidade, como a churrascaria argentina Puerto de Palos, e diversos bares, como o Chopp Santista, o Heinz (de cardápio alemão) e o Ao Chopp do Gonzaga (famoso pela carne grelhada com cebola, não deixe de provar).
Todos são bastante disputados no happy hour de sexta-feira ou em dias de jogos do Santos Futebol Clube.
Na Ponta da Praia, no canto esquerdo, a grande atração é o Aquário, cujos tanques guardam tartarugas, arraias-prego e tubarões-lixa. O Aquário, porém, não é mais o mesmo desde o dia 10 de abril de 2011, quando morreu o lobo-marinho Macaezinho, cujos saltos e piruetas eram o momento mais divertido da visita. Quase colado ao Aquário, o Museu de Pesca exibe um gigantesco esqueleto de baleia com 23 metros de comprimento.
Da Ponta da Praia partem as escunas que levam a um agradável passeio pela Baía de Santos. Os barcos seguem costeando a orla por cerca de uma hora – o que permite ver os curiosos prédios tortos da beira-mar santista – e fazem uma parada de 20 minutos para um mergulho na Praia da Sangaba, pequena e selvagem, na costa da Ilha de Santo Amaro, oficialmente parte do Guarujá.
Na Ponta da Praia estão também os melhores restaurantes de peixes e frutos do mar da cidade, como o Mar a Vista, o J.Garcia e o Mar del Plata. Todos trazem nos cardápios o meca à santista, “o prato típico” da cidade, assim determinado por decreto municipal. É que na falta de um cartão de visitas gastronômico, a prefeitura resolveu inventar um. Para isso, realizou um concurso de culinária cujo único requisito era ter ingredientes da região na elaboração do prato. E assim nasceu o meca à santista, uma posta de meca (um peixe) grelhada, acompanhada de camarão, risoto de pupunha (palmito) e farofa de banana.


História no Centro: 

O centro da cidade, por sua vez, está distante da orla, pois fica voltado para o canal do porto. Seguindo direto pela avenida do Canal 3, chega-se em poucos minutos à região central. A dica é deixar o carro estacionado na Praça Mauá e explorar o bairro a pé.
Comece pelas Ruas Quinze de Novembro e do Comércio, que formam o principal corredor turístico do centro histórico. Ambas foram revitalizadas e receberam fiação elétrica subterrânea. Atualmente, abrigam bares com mesas nas calçadas e casas noturnas bem agitadas, como o Typographia e o Bikini Barista.
Nas outras ruas, infelizmente sobram casarões decadentes. Mas já existem esforços sendo feitos nesse sentido: em frente à antiga estação de trem, as ruínas do Palácio do Valongo estão sendo restauradas para integrar o projeto de construção do Museu Pelé, com previsão para entrega no final de 2012 – ano do centenário do Santos.
A maneira mais divertida de conhecer o centro histórico é embarcar no bonde elétrico que circula a 10 km/h entre as ruas estreitas de paralelepípedos. Um guia acompanha cada saída e fala sobre as principais construções históricas do caminho. O bonde sai da Praça Mauá a cada meia hora, entre 11h e 17h, e faz um percurso de 5 km em cerca de 40 minutos.


Bolsa do Café: 

O passeio pelo centro histórico de Santos se completa com uma visita à Bolsa do Café, na Quinze de Novembro, um palácio erguido com pompa. Tem paredes de granito rosa e pisos em mármore de carrara, que ostentam a importância da economia cafeeira do início do século 20.
Basta passar pela porta para sentir o aroma de café logo na entrada. A cafeteria instalada dentro do museu serve expressos finos, preparados com grãos tipo exportação vindos de várias partes do Brasil. No cardápio, drinques quentes e gelados que misturam ao expresso licores, sorvetes, chantillys, iogurtes...
A cafeteria também vende o café em pó, torrado e moído na hora. O mais caro e premiado custa R$ 344 o quilo. É o Jacu Bird, produzido em fazendas do Espírito Santo, cujo grão é colhido das fezes do jacu, pássaro típico da mata atlântica, que se alimenta dos frutos do café.
Os especialistas dizem que não há nada melhor no País. Duvidando, pergunte ao barista Emanuel Nogueira, que está sempre por ali a treinar a técnica do lattarte, que consiste em preparar um singelo café com leite, mas em grande estilo: o leite é despejado na xícara de forma a desenhar figuras na superfície do café.
De volta à Praça Mauá, vale conhecer o Café Carioca, um bar tradicional, aberto desde 1969, que ganhou fama por causa do pastel bem recheado ali servido por meros R$ 3. Os mais pedidos são os com recheio de siri ou de bacalhau.
O passeio ao centro termina, finalmente, no Monte Serrat, onde um bondinho funicular leva o turista ao terraço da Igreja de Nossa Senhora de Monte Serrat, cuja construção original é de 1603. Naquele ponto, tem-se uma vista em ângulo de 360 graus da cidade, com destaque para toda a extensão do porto, que tem 13 km, e para a Avenida Ana Costa, uma das principais da cidade, larga e com palmeiras no canteiro central, que conecta o centro à Praia do Gonzaga.
Quem contempla esse panorama, passeia de bondinho pelo centro histórico, conhece a Bolsa do Café e toma um chope no Bar Píer I vendo os gigantescos cargueiros passando pelo canal quase à distância do braço, certamente verá Santos com outros olhos. Talvez até se arrependa de não ter visitado a cidade antes e volte recomendando-a para os amigos.
Provavelmente, alguém poderá perguntar com cara de espanto: “Santos?! Fazer o quê em Santos?”. Caso você não queira listar todos os motivos, diga apenas que ali está um dos destinos mais legais para uma escapada de final de semana. Basta ir e conferir de perto.


Serviços: 

Quando ir
Sempre que a previsão do tempo para o final de semana sinalizar tempo bom. No caso de Santos, onde o banho de mar é a atração que menos importa para o turista, qualquer época do ano vale a visita. Talvez seja até melhor evitar o auge do verão, pois faz muito calor, chove bastante, a cidade está cheia e os preços são de alta temporada.
Como chegar
Santos está a 80 km de São Paulo, com acesso pelas Rodovias Imigrantes e Anchieta. Se não for véspera de feriadão, não leva mais do que uma hora para ir da capital paulista até a Baixada.


Fonte: Viaje Mais/Tales Azzi


Att, 
Caroline Espinosa
(13)99703-8430
consultoriadabaixada@gmail.com

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