Atraído pela cadeia do pré-sal e da logística portuária, um novo conceito de espaço corporativo ganha terreno em Santos: os chamados escritórios virtuais. Apesar do nome, não se trata de um ambiente na web, mas, sim, de um condomínio de salas destinado, também, a quem trabalha em esquema "home office" e precisa de uma base física para referência profissional.
"É ideal para quem precisa eventualmente ter um endereço comercial para reuniões ou um número de telefone para recados, inclusive com secretária bilíngue", diz o empresário Gabriel de Carvalho Jacintho, de São Paulo, que inaugurou o Espaço Certo Escritórios Virtuais em Santos há um ano com pacotes a partir de R$ 260. Sobmedida para a enxurrada de empreendedores iniciantes que estão chegando à cidade, mas não têm fôlego para arcar, de saída, com os altos aluguéis da recente safra de empreendimentos corporativos. A abertura de micro e pequenas empresas em Santos subiu quase 10% desde 2010. Hoje são 12.129 empresas desse segmento.
Com 26 salas distribuídas em 400 m² numa das avenidas mais movimentadas da cidade, o Espaço Certo funciona também da maneira tradicional, como uma opção para quem quer alugar salas. As empresas compartilham a infraestrutura e serviços existentes em escritórios convencionais do cafezinho à internet, das secretárias à sala de conferência.
Desde que iniciou as atividades, o Espaço Certo contabiliza 90 contratos, sendo 40 fixos e virtuais e outros 50 de eventos de curta duração. A meta é encerrar o ano com R$ 1 milhão em faturamento. Jacintho vislumbrou a oportunidade de criar o "hotel de empresas" a partir da experiência como diretor de uma consultoria contábil e tributária especializada em assessorar multinacionais, em São Paulo.
"A maioria dos nossos clientes se instala no Brasil dessa forma, começam com escritórios virtuais."
A decisão pela cidade do litoral paulista foi fácil. "Foi conjuntural. A cadeia do petróleo e gás, o porto,
e o fato de haver pouca oferta de um modelo eminentemente corporativo na cidade", conta. Somado a isso pesou a vantajosa alíquota do Imposto Sobre Serviços (ISS) de 3% contra 5% da capital paulista, na maioria dos segmentos.
Atualmente o local reúne segmentos de advocacia, imobiliária, agência de navegação, representação comercial de multinacionais instaladas na capital paulista e até uma escola de idiomas. Há 15 anos no mercado, a F9C, com foco em soluções de tecnologia da informação, tinha bases em São Paulo e Rio de Janeiro. Há seis meses abriu filial em Santos para prestar serviços no segmento de logística e terminais portuários. Otávio Barboza, gerente de operações no Litoral e Interior de São Paulo da F9C, enxerga no "hotel de empresas" uma facilidade para quem está crescendo. "Os clientes ficaram felizes em termos vindo para Santos e não precisarem mais subir a serra para contratar o serviço."
Fora as capitais, as cidades que reúnem atividades de porto e petróleo são as mais promissoras para o negócio de escritórios virtuais, diz o presidente da Associação Nacional dos Centros de Negócios e Escritórios Virtuais (ANCNev), Paulo Karnas. "Onde tem petróleo e porto, o negócio é viável.
Macaé (RJ) era só praia, hoje tem um boom de escritórios virtuais, assim como Vitória (ES)".
O Nordeste, porém, é a região que apresenta o maior índice de crescimento desse setor, com aumento anual de 35% na abertura de escritórios virtuais nos últimos três anos. No Brasil, o índice gira em torno de 12% a 15% ao ano. O primeiro escritório virtual chegou ao Brasil em 1991, era uma unidade de matriz inglesa. Hoje são cerca de 850 no país, sendo que pelo menos 250 estão instalados na região da Grande São Paulo, principalmente em Santana do Parnaíba e Barueri, porque a alíquota do ISS é menor que na capital.
Segundo um estudo feito pela ANCNev, o investimento mínimo necessário para abrir um escritório virtual é de R$ 1 mil por metro quadrado e pelo menos 200 metros quadrados. "Do contrário, não é viável", diz Karnas. Ele destaca ainda que o mercado precisa avançar na profissionalização. "Muitas empresas não chegam a emplacar o segundo ano", afirma. E avisa: o fraco desempenho é por vezes fruto da percepção errônea de investidores que não são do ramo e entendem o negócio simplesmente como o loteamento de
espaços para locação.
Fonte: Atribuna
Att,
Caroline Espinosa
(13) 9703-8430
consultoriadabaixada@gmail.com
Nenhum comentário:
Postar um comentário